Fiz uma cirurgia no dia 9/7, no Hospital Evangélico, em Cachoeiro de Itapemirim/ES, para remover um câncer de pele que se engraçou com o meu ombro esquerdo.
Era um carcinoma espinocelular, que a faca competentíssima do Dr. Paulo Brunoro promoveu a separação amigável.
Aliás, muito amigável, porque embora a neoplasia maligna tivesse tomado uma grande extensão da pele, nada senti durante nem após a cirurgia, da qual ainda estou me restabelecendo e espero não reatar a relação nunca, jamais, em tempo algum.
Dia seguinte, já em Bom Jesus do Norte, fui trocar o curativo numa Unidade de Saúde aqui perto de casa. Uma mocinha simpática e gentil fez o serviço.
Quando fui no dia seguinte, a moça, um tanto constrangida, perguntou-me se eu tornaria a voltar. Respondi que sim, que pretendia fazer todos os curativos necessários por intermédio de suas mãos delicadas.
- O senhor poderia passar antes na farmácia e trazer gaze esterilizada?, pediu, com uma voz quase sumida.
- Ahnnnn?
- É que a nossa acabou faz tempo. Essa que estou usando é gaze de rolo, que a gente aqui recorta com tesoura e leva no Hospital São Vicente para esterilizar. Mas também os rolos acabaram, os últimos pedacinhos são estes que estou usando no senhor agora...
Pensei imediatamente nas manifestações de rua que estão pipocando por esse Brasilzão afora, vivenciando, naquele momento, exemplo clássico de um dos milhares de motivos.
Gente, não há gaze em Bom Jesus do Norte. Em todos as unidades, segundo soube. Gaze!!!
Se não há gaze, há o quê?
Mas como diz o ditado que tudo tem seu lado bom, vislumbrei um, neste miserê em que vivemos: o Hospital São Vicente de Paulo ainda é capaz de esterilizar gaze!
Autor: José Henrique Vaillant