No ensejo da libertação da verve,/
aprisionada pela sombria inspiração,/
todo tema bem ou mal me serve;/
desato os nós que me atam o coração./
Impassível, o dogmático impede,/
o amar-se livremente e ao bel-prazer,/
por injunções como a idade, e assim mede,/
a resistência de quem não sabe o que fazer./
Da ingerência desse tolo preconceito/
o alento se me escapa e me abate,/
sufocando o que me vai dentro do peito./
E no ápice do degredo e dissabor,/
meu outono de enleio e bom quilate/
desdenha sua primavera em flor./
Autor: José Henrique Vaillant