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2 de mai. de 2013

Assim enfraquece a amizade! Pintura da Passarela de Bom Jesus pela metade revela mentalidade curta, tosca!

Construída e inaugurada em 6/5/2000 num esforço conjunto dos dois municípios de Bom Jesus (do ltabapoana/RJ e do
Norte/ES), a Passarela da Amizade, que une os bairros Silvana, no lado capixaba, e o Lia Márcia, no fluminense, caminha para seu 8° aniversário amargurada pelo descaso que a vitimou.

A estrutura mais parece uma pinguela tamanho família! 


Grades de proteção arrebentadas, gambiarras elétricas sujeitas às intempéries, servindo para ninhos de pássaros, corrosão. 


A insensibilidade das autoridades, que parecem não se preocupar sequer com a segurança dos passantes (que dirá com o visual melancólico, provinciano no pior sentido) intensifica a probabilidade do risco tanto de acidentes quanto de assaltos.

Na única cabine, que fica no R.J., não há mais policiais; e não consta que haja inspeções periódicas para aferir a integridade estrutural.

Há cerca de um ano a prefeitura de Bom Jesus do Norte realizou uma pintura, mas levando ao pé da letra a característica de obra conjunta: só meia passarela recebeu as demãos abençoadas, 0 que, para 0 aspecto geral, foi inútil como um cônego, segundo Almeida Garret. 


Ficou pra lá de esquisita aquela união com tão gritante "diferença de idade"! 

O outro lado não fez a sua parte menos, talvez, para ridicularizar a valorosa passarela, e mais porque a tinta,
presume-se, está com o preço pela hora da morte!


Ou terá sido por outros motivos?

Ninguém ignora que a reação mais negativa quando da construção veio do lado fluminense, especialmente de alguns residentes no bairro Lia Márcia, que torceram os narizes com  o maior fluxo de pessoas transitando em seu território. 

Mas vale acentuar que a ponte beneficia ambos os municípios e seus munícipes: um lado beneficia-se mais em encurtar distâncias; o outro, dos que trafegam.

Perguntem aos comerciantes de Bom Jesus/RJ se gostaram da facilitação do acesso aos seus fregueses; perguntem aos trabalhadores capixabas que ganham a vida no lado fluminense se é bom economizar sola de sapato. 

Só não perguntem como vão os entendimentos entre os dois governos. O silente protesto da passarela é mais eloquente do que as palavras!

Ela diria, se pudesse: fica combinado que de dois em dois anos os municípios se revezam na pintura, mas que sejam práticos. Deem as louváveis pinceladas em toda a minha extensão para não me deixarem com a cara limpa e o traseiro sujo, ou vice-versa;

Da mesma forma, inspecionem de vez em quando o meu reverso para ver se não está travado, pois não quero me espatifar no leito do rio com gente a bordo; 

Que o R.J. mande assentar a "fantástica quantidade" de uns 300 paralelepípedos no meu portal de entrada. Eu e os que me utilizam merecemos;

Que o E.S. instale uma cabine de polícia para revezar com o Estado fronteiriço; 

Que se esmerem na minha limpeza e conservação;

Que coíbam alguns mal-educados que insistem em pilotar suas motos e guiar suas bicicletas em cima de mim, colocando em risco a integridade física dos outros; 

Que atentem, enfim, para a minha aparência e pela dos demais próprios públicos, que muito revelam do sentimento que os povos e respectivos governantes nutrem por seus campos que, diz o Hino, têm mais flores!

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em novembro/2007