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3 de abr. de 2013

Violência em Bom Jesus do Norte é inquietante

A população de Bom Jesus do Norte está apavorada com a onda de violência que vem assolando o município, notadamente de um ano para cá.

Assaltos, furtos, tráfico de drogas, estupros e latrocínios (assassinatos com objetivo de roubo) vêm paulatinamente reduzindo a sensação de cidade pacata e tranquila. 




Episódios assustadores ainda estão frescos na lembrança, como o assassinato do aposentado, Dico, por um fugitivo da Clínica de Repouso após invadir sua casa, à noite, presumivelmente para roubar; 

O do proprietário da carrocinha de cachorro-quente, saqueado após morrer a tiros em tentativa de assalto; 

O estupro simultâneo à violenta agressão de uma criança de 12 anos, grávida; 

O sequestro da família do gerente do Banco do Brasil de Bom Jesus/RJ, mantida em cativeiro perto da Ilha do Vicente, por ladrões de banco; 

Invasões e furtos no comércio, como ao Supermercado 5 Irmãos, Mercadinho da Família e Frangão; 


Tráfico de drogas em quantidade gradativa e alarmantemente crescente, evidenciada pelas últimas ações da polícia que chegou a apreender dia destes, 1 kg de maconha prensada, e rotineiramente trouxinhas, papelotes, traficantes e viciados.


Esta sucessão de fatos medonhos anulam a suposição de mera coincidência pelo número proporcionalmente exorbitante de crimes, de natureza amplamente variada, considerando-se que vêm ocorrendo numa cidade em cujo perímetro urbano não vivem mais que 8 ou 9 mil pessoas, entre mulheres, crianças e idosos. 

Recentemente (no dia 5/2), mais um caso de latrocínio foi registrado, reforçando o clima de medo e apreensão dos habitantes. 

O cidadão Elizeu Evangelista foi encontrado morto em sua casa por asfixia e pedrada na cabeça. O dinheiro que trazia consigo sumiu, fato que evidencia o motivo do crime, deixando a comunidade de cabelo em pé. 

Uma das poucas vantagens que têm os que habitam uma cidadezinha interiorana é exatamente o que os bom-jesuenses-do-norte estão perdendo: a tranquilidade. 

E conquanto este município seja brasileiro, e naturalmente sujeito às mazelas que afligem a nação, particularmente a violência crua e brutal, não pode, não deve, nem tem o direito de assisti-la com tamanha complacência como se vê aqui. 

Esta complacência, antes que os arautos da indignação nem sempre espontânea discordem com forjada veemência, não é dirigida a nenhuma instituição de modo específico, a nenhuma autoridade individualmente, mas a um conjunto de entidades que, na prática, está desentrosado. 

Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, polícias Civil e Militar precisam estreitar mais os laços de união para reunir forças suficientes a combater um inimigo insidioso, que quando consolida a delimitação de seu território se torna terrivelmente implacável.

É natural num primeiro instante a surpresa pela constatação de que algo tão assustador se apresente sem cerimônias nestas paragens até então pacíficas, mas é necessária certa agilidade para se recompor do desconcerto e, usando o linguajar do futebol, contra-atacar na certeza de que a melhor defesa é o ataque. 

Urge uma mudança da mentalidade um tanto ingênua pela vivência provinciana (no bom sentido), a fim de tornar igual a perspicácia do estado paralelo com o Estado de direito, sobretudo eleger a inteligência e a mobilização como as mais adequadas armas de combate à bandidagem. 

Aliada a elas, medidas repressivas mais vigorosas e abrangentes, como por exemplo a abordagem a grupos de desocupados em atitude suspeita altas horas pelas ruas da cidade, rondas policiais assíduas e insinuantes principalmente nas áreas mais remotas, atuações incisivas do Ministério Público, disposição e criatividade do Judiciário para driblar as imperfeições e as condescendências anacrônicas da lei, integração mais efetiva do Executivo e do Legislativo, mobilização da sociedade com campanhas agressivas que estimulem a denúncia anônima.

Uma forte integração, enfim, dos mocinhos, para enfrentar bandidos sanguinários em igualdade de condições.

Impunidade, omissão e tolerância com o crime são os fatores que mais o incrementam, a gota d´água no copo transbordante de desemprego, injustiças econômicas, ergofobia e exclusão social.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em fevereiro/2003