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3 de abr. de 2013

Promessa não é dívida

Chico Alencar, professor de História e deputado estadual/PT/RJ, em artigo no JB de 22/4/00, afirma:

"Os processos sociais abortados e as revoluções interrompidas são fruto do esmero das classes dominantes brasileiras, ao longo desses cinco séculos, de impedir o acesso à informação crítica à imensa massa herdeira da população escrava. Política é escolha e informação. 


Sem informação, a política se reduz à cultura da delegação, que é você poder eleger do vereador ao presidente da República e achar que isso é democracia. 

Isso é apenas um elemento da representação política, mas se não vier junto com um acompanhamento crítico dos mandatos, é pura delegação, uma das principais marcas da política brasileira dos tempos atuais. 

Autoritarismo, paternalismo, machismo, patriarcalismo, coronelismo, populismo e individualismo são algumas das características da política praticada pelas elites brasileiras desde o tempo da Colônia". 

Ainda segundo o professor Chico Alencar, Darcy Ribeiro, um dos maiores brasilianistas de todos os tempos teria dito, em sua irreverência característica que "somos um país de desfeitos, afogados na ninguemdade".

Em outras palavras isso quer dizer que a grande massa ainda está longe de se livrar da manipulação política que prevalece no modelo brasileiro desde priscas eras, sendo que o esclarecimento adquirido, habilitado por maciça informação típica do século que se finda pouco tem revertido o quadro de vulnerabilidade ao convencimento fácil por parte dos políticos, muitas vezes, inacreditavelmente, em troca de pequenos favores e promessas que o próprio eleitor sabe de antemão que não poderão ser cumpridas.

Emprego público é talvez o favor que desperta mais cobiça e atração. 

Promessas de colocação estão no topo da hipocrisia, que são seguidas por doações de pequenos materiais e serviços. 

Encerradas as eleições, entretanto, a imensa maioria fica a "chupar o dedo", aguardando eternamente seu sonhado emprego, fato que precipita um círculo vicioso que jamais tem fim: aquele que prometeu e que obviamente não pôde cumprir transfere a preferência do voto desse eleitor para os adversários e vice-versa. 

Resumindo: o político de respeito nada oferece individualmente, mas obtém conquistas de interesse coletivo; o eleitor consciente, lúcido, nada pede para si somente, vota naquele em quem confia para depois cobrar-lhe benefícios que contemplem a todos.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em agosto/2000