TEST

Drop Down MenusCSS Drop Down MenuPure CSS Dropdown Menu

14 de abr. de 2013

Políticos de Bom Jesus carecem de ideologias

As Bom Jesus viveram períodos de progresso, intensos nas percepções das épocas respectivas. 

Bom Jesus do Norte/ES emancipou-se em 1963, e em pouco tempo construiu escolas, creches, praças, prédio próprio do Poder Executivo e até hospital de generosas dimensões físicas, um luxo para uma comunidade de cerca de 7.000 pessoas, com um pequeno detalhe: boa parte dos recursos materiais e humanos propiciado pelos próprios nativos. Estamos falando das décadas de 1970/1980 (o Hospital Jamile Said Salim, morto prematuramente aos 18 anos, foi inaugurado em 1982). 


Depois parou; parou no tempo e no espaço, assim como Bom Jesus do Itabapoana/RJ, que a rigor só experimenta desde priscas eras crescimento vegetativo da parte de um poder público que vem a reboque da iniciativa privada, arrastando-se como um sapo obeso, inerme, penando horrores para se mover por inércia no vácuo das necessidades.


As conquistas estruturais de antanho foram mais expressivas que as da atualidade, se consideradas as dificuldades da época em que o interior era praticamente esquecido pelos governos centrais, em que havia crises econômicas sem fim, hiperinflação, e guardadas as devidas proporções de uma tecnologia mais rudimentar, especialmente a das comunicações. 

Isso obrigava as lideranças políticas de outrora se virar como podiam, e a adversidade exercitava a capacidade criativa e a disposição para o enfrentamento dos grandes desafios.

Uma constatação lastreia o argumento de que a infraestrutura só vem tendo melhorias obrigatórias, não planificadas, forçadas pelo crescimento urbano: 

Desde a época em que se fazia o rascunho da Bíblia o sistema viário das duas cidades é praticamente o mesmo. 

A diferença é que em tempos remotos a maioria dos automóveis era importada, seus felizes proprietários normalmente os poucos ricos do pedaço, e os animais de tração os responsáveis pelo majoritário sistema de transportes. Os lorpas e os pascácios do Nelson, nessa altura, devem estar com o olho rútilo e o lábio trêmulo a vociferar: - e a segunda ponte? E a segunda ponte? -, certamente desconsiderando que refiro-me apenas ao tráfego local. 

Já imaginaram aquelas ´formidandas´ carretas trafegando em mão dupla nas proximidades do Supermercado 5 Irmãos?

Fazendo manobras infernais no cruzamento da Tenente José Teixeira com XV de Novembro? 

Não exageremos, era só o que faltava!

Assim é o resto. O “sistema viário” da Educação, da Saúde, da Segurança, da Habitação, da Cultura, do Lazer precisam de pontes de determinismo, de elevatórios práticos e funcionais, de sinalização de que o homem público esteja divorciado da retórica, afastado do engodo discursivo e perto da sinceridade de propósitos. 


Prefeitos precisam voltar a ser eleitos não apenas para assinar convênios, em disputas eleitorais em que a capacidade de se mostrarem mais prestigiados pela autoridade política superior vem prevalecendo sobre o idealismo, sobre a constatação de quem tem mais compromisso de ordem sentimental com sua terra.
 
Imaginem quão encantadoras seriam as cidades se aos embrulhos enviados pelos estados e pela União contendo escolas, unidades de saúde, praças esportivas, fossem acrescentadas benfeitorias da própria lavra, propiciadas pela mistura de planejamento com austeridade e prioridade dos gastos públicos! 

A cereja do bolo... 

Embora o padrão que aí está parece consolidar-se mais a cada dia num sistema político nacional extremamente centralizador, os prefeitos podem e devem andar ao menos um pouquinho com as próprias pernas além das fronteiras das contrapartidas aos projetos, entoando, como Cazuza, "ideologia, eu quero uma pra viver...".

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/2011