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3 de abr. de 2013

O que é um banco?

BANCO, como sigla, tenho pra mim que significa “Benfeitores dos Aquinhoados e Nobres. Calvário dos Oprimidos”. Inventei isso aí depois que fiquei pensando:

- Rico entra em fila de banco?

- Pobre consegue empréstimo?



- Rico tem fundos de pensão. 

- Pobre tem fundos na conta?

- Quem vai primeiro para a lista negra?


- Quem tem mais chances de sair de lá?

- Existe banqueiro pobre?

- Mesmo os que perderam seus bancos?

- Quem paga pela mordomia deles?

- Rico exige remuneração pelo seu dinheiro depositado. Pobre também? 

- Rico quer construir uma mansão. Pobre quer um 
barraco. Apelam ao banco. Quem tem mais chances?

- Rico emite cheque sem fundos. Pobre também. Quem é o estelionatário? Quem é o “distraído”?


Falando sério. Nas décadas de 1970, 1980, a Informática praticamente inexistia. Engatinhava-se em meio àquelas máquinas gigantescas de imensos rolos e pilhas de formulários contínuos, onde os valores depositados ou sacados eram anotados manualmente. 

Que trabalhão! As filas que se formavam eram, por assim dizer, naturais. O tempo necessário para a compensação de cheques e outros papéis (às vezes 10 a 15 dias) também se justificava pela tecnologia primitiva e rudimentar.

Atualmente clonam-se seres vivos. Pode-se papear em tempo real através do telefone celular com quem esteja no topo do Kilimanjaro. 

A Internet aglutinou o mundo e banalizou a distância, pululam os satélites artificiais, pode-se obter a cópia de imediato de um documento de uma pessoa que esteja no interior do Casaquistão. 

Só não se pode transformar em dinheiro no ato um cheque de Itaperuna, depositado em Bom Jesus, senão 24 ou 48 horas após o depósito. Por que será?

Se temos de efetuar transações em três bancos diferentes, especialmente às segundas-feiras, vésperas ou pós-feriados, podemos dar adeus ao dia. 

Perdemo-lo em filas quilométricas, irritantemente lentas, desarmônicas com o espantoso progresso tecnológico que o homem logrou obter. 

Quer dizer, as filas de hoje são mais cruéis do que as de três, quatro décadas atrás, porquanto aquelas geravam-se nos procedimentos manuais, por isso, lentos; as de hoje são frutos do descaso e da ganância. 

Economiza-se em pessoal ao extremo, pouco importando o sofrimento do usuário. Não se justifica a ausência de caixas em quantidade suficiente para atender a demanda. 

É o cúmulo do absurdo, por exemplo, um funcionário sair para o almoço em hora de movimento intenso e não haver um outro para substituí-lo e evitar a solução de continuidade.

Em um dos bancos aqui de Bom Jesus, chega-se ao paroxismo da desconsideração para com o povo, de se deixar, em determinados momentos, apenas dois caixas funcionando: um para os miseráveis, cuja fila chega a fazer “cobrinha” no imenso salão, e outro para os clientes especiais! Isto é um descalabro, uma afronta!

Se os digníssimos gerentes das agências me permitissem uma sugestão, pediria que atentassem melhor para a questão das filas, vexatórias num país civilizado.

Sei que eles exercem sua função com dificuldade, têm a autonomia restrita e não são de forma alguma os responsáveis pela política de maximização dos lucros em detrimento da qualidade do serviço. 

Mas pelo amor de Deus, será que nem ao menos podem efetuar um remanejamento interno, de forma a assegurar mais caixas nos dias e/ou horários de pico?

Humanizem suas agências, senhores. Se isso não estimular a migração de mais alguns Reais dos colchões aos cofres dos seus bancos, ao menos materializará a fidalguia que os senhores têm ou deveriam ter com quem, em última análise, são os provedores dos seus salários.

PS - Aos senhores banqueiros, um apelo: não devorem todo o PROER que saiu a fórceps de nossas entranhas, já nos estertores. 

Deixem um resíduo, uma migalha que possa servir ao menos para ofertar-nos um cafezinho, ajudando assim nossa resignação enquanto encaramos as odientas filas, que não merecemos.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em junho/1999