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3 de abr. de 2013

O ano zero em que faremos contatos

Não se tratam de contatos com Et´s, sobrenaturais ou místicos, mas contatos humanos fraternais, aqueles que são tão necessários quanto factíveis e que, em nome do orgulho, da vaidade, da insensatez e falta de solidariedade estávamos olvidando.

É chagado o momento. Não estamos mais resistindo viver sem um objetivo sobranceiro que nos dê alento espiritual.

O vazio que sentimos interiormente é por demais desproporcional à nossa máscara externa, ambígua de acordo com o momento e muitas vezes falsa e hipócrita.



Basta de fingirmos o que não somos, de hiperdimensionarmos nossa própria capacidade equivocadamente, subestimando a dos demais; de procurarmos incessante e febrilmente o vil metal que nos possa propiciar confortos materiais de rápida transição.

O que será de nós se não mudarmos? Quando os mitos do bem-estar sem limites, da segurança nas posses, dos sucessos tecnológicos decepcionarem definitivamente? 

Os valores burgueses, apesar do comodismo que oferecem, causam-nos angústia, infelicidade e desespero. Obscurecem-nos frente a nós mesmos, recomendam-nos a mentira, a traição, a ganância, a desonestidade e a violência.

Faremos contatos, entretanto. A começar em nosso próprio lar, filhos em harmonia com pais e vice-versa, com a busca do entendimento e da compreensão a neutralizar a diferença de valores.

Com o diálogo a arrefecer a chama da discórdia entre a impulsividade e a moderação, entre a volúpia impetuosa de ideais com a serenidade experimentada. 

Contactaremos mais amiúde nossa própria consciência, num exercício constante para torná-la mais ética, generosa e condescendente.

Diremos não a falsos profetas, a políticos inescrupulosos, a mercadores ilusórios da boa-fé.

Elegeremos a verdade como mola propulsora da nossa jornada, contando com a amizade e o amor como combustíveis suplementares.

Contactaremos a natureza, agradecendo-a pelo dom da vida. Contemplaremos sua beleza, admiraremos sua sapiência e nobreza, pararemos de agredi-la de forma contumaz. 

E sobretudo nos comunicaremos em prece fervorosa com nossos irmãos de todo o mundo que só conhecem a ideologia da fome, subjugados que são por apaixonados em tanques e fuzis, e mais ainda no barulho do tilintar das moedas caindo em profusão em seus bolsos, usurpadas da servidão humana.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em janeiro/1998