É chagado o momento. Não estamos mais resistindo viver sem um objetivo sobranceiro que nos dê alento espiritual.
O vazio que sentimos interiormente é por demais desproporcional à nossa máscara externa, ambígua de acordo com o momento e muitas vezes falsa e hipócrita.
Basta de fingirmos o que não somos, de hiperdimensionarmos nossa própria capacidade equivocadamente, subestimando a dos demais; de procurarmos incessante e febrilmente o vil metal que nos possa propiciar confortos materiais de rápida transição.
O que será de nós se não mudarmos? Quando os mitos do bem-estar sem limites, da segurança nas posses, dos sucessos tecnológicos decepcionarem definitivamente?
Os valores burgueses, apesar do comodismo que oferecem, causam-nos angústia, infelicidade e desespero. Obscurecem-nos frente a nós mesmos, recomendam-nos a mentira, a traição, a ganância, a desonestidade e a violência.
Faremos contatos, entretanto. A começar em nosso próprio lar, filhos em harmonia com pais e vice-versa, com a busca do entendimento e da compreensão a neutralizar a diferença de valores.
Faremos contatos, entretanto. A começar em nosso próprio lar, filhos em harmonia com pais e vice-versa, com a busca do entendimento e da compreensão a neutralizar a diferença de valores.
Com o diálogo a arrefecer a chama da discórdia entre a impulsividade e a moderação, entre a volúpia impetuosa de ideais com a serenidade experimentada.
Contactaremos mais amiúde nossa própria consciência, num exercício constante para torná-la mais ética, generosa e condescendente.
Diremos não a falsos profetas, a políticos inescrupulosos, a mercadores ilusórios da boa-fé.
Elegeremos a verdade como mola propulsora da nossa jornada, contando com a amizade e o amor como combustíveis suplementares.
Contactaremos a natureza, agradecendo-a pelo dom da vida. Contemplaremos sua beleza, admiraremos sua sapiência e nobreza, pararemos de agredi-la de forma contumaz.
Contactaremos a natureza, agradecendo-a pelo dom da vida. Contemplaremos sua beleza, admiraremos sua sapiência e nobreza, pararemos de agredi-la de forma contumaz.
E sobretudo nos comunicaremos em prece fervorosa com nossos irmãos de todo o mundo que só conhecem a ideologia da fome, subjugados que são por apaixonados em tanques e fuzis, e mais ainda no barulho do tilintar das moedas caindo em profusão em seus bolsos, usurpadas da servidão humana.
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em janeiro/1998