Egoisticamente falando, podemos afirmar que nossa geração pouco sofrerá, pois o processo de degeneração não é assim tão rápido.
Mas, por certo, as gerações futuras haverão de padecer uma paulatina e gradual escassez até o momento da hecatombe total, quando a Terra poderá se transformar num gigantesco deserto estéril.
Quem de nós não conhece ou nunca ouviu falar de um rio, um lago ou um reservatório natural outrora caudalosos, que hoje estão secos e esturricados?
E os rios que nossos pais e avós nadavam despreocupadamente e se serviam de suas águas in natura para satisfazer todas as necessidades?
Hoje correm em seus leitos com toda a sorte de poluentes e detritos, ocasionando morte lenta e irreversível. Estes mananciais pedem desesperadamente por socorro!
Temos uma responsabilidade gigantesca para com as gerações vindouras.
Não nos é dado o direito de sermos seus algozes e não podemos deixar que aconteça o vaticínio taciturno do cientista ao fechar o seu artigo:
“Se não se tomar medidas drásticas e urgentes para a consecução de uma política ambiental e desenvolvimentista em harmonia com a natureza, e de caráter fundamentalmente preservacionista, o líquido vital à vida tornar-se-á tão caro quanto o ouro, e nossos netos, bisnetos e seus descendentes poderão vivenciar, com amargura, os últimos ricos da terra, com seus rostos diplomáticos e em frenesi, sorverem as últimas gotas de água potável do planeta.”
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/1997