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30 de abr. de 2013

Ganha o céu uma estrela refulgente

Tchau, pai. Vou dar uma volta.


- Vai de quê?

Leonardo Azeredo Vaillant, com o costumeiro sorriso sempre estampado, balançou as chaves do carro novo que o pai Marcos Tadeu havia adquirido há cerca de dois meses.

- Vai com Deus. Devagar, hein!
Este foi o último diálogo do jovem de 23 anos com o pai, ocorrido na tarde-noite daquele fatídico 23/12/12.


Por volta de 0h30 meu sobrinho Leonardo viria a falecer no Hospital São Vicente de Paulo em decorrência de um estúpido acidente ocorrido umas três horas antes.

A comoção em Bom Jesus do Norte foi muito grande não apenas pela prematuridade da perda, mas também e talvez sobretudo pelas qualidades daquele jovem que esbanjava tanta alegria e vitalidade.
Uma semana antes Leo recebia seu diploma de bacharel em Direito. Não pretendia advogar, mas tentar concursos públicos que a especialidade dispusesse. 

Inteligente, trabalhador, extremamente simpático e agradável no trato com as pessoas, humilde, solidário, isento de vícios (uma ou duas latinhas de cerveja vez ou outra, mais pelo simbolismo social do que propriamente por gostar de bebida), seu "defeito" era tão-somente amar velocidade. 
Isso, aliás, era uma das poucas é às vezes severas divergências com a família. 

A mãe Márcia não cansava de recomendar-lhe prudência, de rezar e de confidenciar a parentes e amigos que vivia constantemente com o coração na mão pensando no que pudesse acontecer ao seu primogênito. 
Um pouco lá atrás, quando Leo manifestou interesse em possuir uma moto, o pai tentou enfaticamente demovê-lo da ideia. 

Mas não podia interferir no livre arbítrio do filho, e quando este, de maior idade, oficialmente habilitado a pilotar, usando o próprio dinheiro ganho no trabalho apareceu com uma reluzente Honda de 350 cc, tudo o que podia fazer era continuar com as recomendações. 

Por ironia, foi com o carro que perdeu a vida!

Está difícil para os familiares conformarem-se com a terrível perda, ainda que se aceite que os desígnios de Deus são vedados à compreensão do homem. 

A saudade dói demais, o vácuo da ausência é monumental, os referenciais de vida perderam-se nos desvãos do sofrimento.Mas o conforto reside na fé e na capacidade de sermos fortes. 
Reside nas doces lembranças de Leonardo. 

Como é confortante recebermos tão magnífica manifestação de solidariedade; como é bom desfrutarmos a constatação de tão amplo círculo de amizade que Leo fez com sua capacidade toda especial de seduzir; como é fascinante a intensidade de luzes e de cores que emanam dos sentidos dos que o conheceram; como é surpreendente a exata dimensão do apreço e da consideração das quais era credor; como é prazeroso tê-lo na conta de ótimo filho e também ótimo irmão da Esthefany, sendo o pai seu grande ídolo que até mereceu o nome tatuado no braço! 

Leonardo Azeredo Vaillant. A maior dor que atingiu nossos corações foi sua perda, mas Deus não é cruel. 

Ele jamais nos faria encontrar um amor para lançá-lo fora de nossas vidas, eternamente.

Então, até breve, querido.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em janeiro/2013