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30 de mar. de 2013

Vai o homem, fica o mito

Mário Covas Júnior - abril/1930 - março/2001
Não há o que acrescentar ao que já foi dito a respeito do homem, do político, do ser humano Mário Covas.

Quaisquer adjetivos que exprimem qualidade extraordinária que caracteriza alguns exemplares da espécie humana seriam repetitivos, reprisados que foram à exaustão por amigos, conhecidos, parentes, correligionários. 



Ele foi um raríssimo caso de unanimidade porque agregou na admiração à sua extensa, profícua e magnífica obra, até o mais ferrenho adversário, gente que se considerava sua inimiga política número um.


Nunca é demais, porém, insistir pela conveniência dos homens públicos inspirarem-se em seu legado para que um sistema político torpe, aético e amoral possa ganhar um pouco de dignidade e retidão.


Aos demagogos, que espelhem-se em sua conduta de homem sincero e autêntico; aos corruptos, que uma centelha de sua moral, de sua honestidade acenda o estopim do caráter, da lisura; aos filhos ingratos, traidores da nação, submissos à hidra colérica, à tirania dos opressores internacionais, evocar e assimilar um naco de seu patriotismo, do profundo amor que nutria pela pátria desencadearia surpreendentes reações de civismo.

"Saio da vida para entrar na história".

Esta frase, cunhada no momento mais dramático da vida do presidente Getúlio Vargas, nos últimos minutos de sua existência, traduz a estranha característica do ser humano, notadamente dos brasileiros, de cultuar os grandes homens somente após sua eterna partida.

Não foi diferente com Mário Covas.

Essa cultura, esse hábito conspira para uma evolução social mais rápida, em toda a plenitude e abrangência porque as qualidades ficam turvadas em vida devido à consciência da imortalidade que guarnece o homem.

Isso acirra as diferenças, robustece a vaidade, tolda a capacidade de reconhecimento e valorização aos empreendedores, aos visionários.

A morte, no entanto, fornece a antítese a esse comportamento porque relembra duramente a inexorável finitude da vida, e essa negação da eternidade, nos breves momentos que dura a estupefação pela dama da foice torna o ser humano sensível e solidário.

Há inovações, todavia, a partir da morte de Covas. Sua existência terrena foi tão diferenciada que produziu um fenômeno capaz de tornar realidade a utopia da edificação moral.

Os conceitos contidos em seu espólio são de tamanha grandeza que não haverá quem não se retraia ante o impulso aos malfeitos. No mínimo, os pequenos de caráter não poderão aludir suas nocivas ações à falta de bons exemplos, pois a jurisprudência firmada por Mário Covas é completa.

Foi-se o homem, ficou o mito. E desse mito seguramente a inspiração para que transformemos o Brasil num país mais soberano e mais justo.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em abril/2001