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26 de mar. de 2013

O "Penta que partiu" em 1998 apresentou-se em 2002. Bom, ótimo. Mas as mazelas brasileiras não podem ficar escondidas na sombra da Pátria de Chuteiras


O p.q.p. (penta que partiu) em 1998 veio agora, eu não disse? Não quis dar uma de profeta quando na edição 127 da Revista Status transmiti uma convicção inabalável nesta conquista.

Sabia que nossos valores individuais eram infinitamente superiores aos adversários, bastava apenas que jogassem com raça e união. Não deu outra!

Parabéns aos nossos meninos, que com talento, maestria e muita determinação inflaram nosso peito de orgulho. Parabéns sobretudo ao craque Ronaldo Fenômeno, o virtuose da bola que reuniu forças colossais para reconquistar o lugar cativo de destaque entre os destaques. 



A lembrança do seu drama pessoal, do desespero de um garoto no auge da carreira por sofrer uma terrível lesão, ao mesmo tempo em que contemplava embevecido a sua arte ressurgida quase que milagrosamente foi emocionante: verti lágrimas, confesso.

Mas voltemos à nossa realidade triste, essa que igualmente com raça e doses cavalares de patriotismo também temos de encarar.

Não quero ser estraga-prazeres, mas parafraseio João Saldanha dizendo “vida que segue”. E essa não é tão alegre quanto aqueles dias de magia propiciados pela Pátria de Chuteiras.

Que não fique entorpecida pela alegria do esporte a capacidade de discernimento do povo brasileiro, para não completar a alegria dos oportunistas de plantão.

Não nos esqueçamos, por exemplo, da morte brutal do jornalista Tim Lopes em pleno exercício da profissão, assassinado pelo poder paralelo exercido pelo tráfico neste Brasil de chuteiras de ouro e pés descalços.

Aliás, valho-me de seu flagelo para dar minha opinião sobre o porquê de a imprensa interiorana ser tão insípida e previsível.

Se nem a Globo logrou preservar a integridade física de um dos seus mais destacados profissionais, imagine se haverá por estas bandas quem se atreva a denunciar tráfico de drogas, que existe; exploração de menores, que existe;

Agiotagem (esse ilícito é tão escrachado que há casos em que o agiota se apossa do cartão bancário da vítima e passa a gerir suas finanças no melhor estilo Cosa Nostra) e contrabando, que existem, para ficar apenas nisso.

Não me atrevo a escarafunchar terrenos tão inóspitos, continuarei escrevendo generalidades e coisas amenas.

Só peço desculpas aos meus filhos por não ter podido lhes oferecer um país decente, justo e soberano.

Apenas o enleio transitório do futebol é pouco, muito pouco, mesmo com o privilégio exclusivo de podermos produzir artistas fenomenais como o nosso Ronaldinho, que embora aquém do melhor de sua forma está anos-luz além dos demais.

Se sua determinação e patriotismo pudessem contagiar os políticos e os oligarcas do Brasil não seríamos campeões apenas da bola!

 
Autor: José Henrique Vaillant - publicado em julho/2002