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13 de abr. de 2013

Dança dos cargos. Ou, nós pagamos verdadeiras fortunas aos que fingem trabalhar

Começou a dança dos cargos. Velha reprise repulsiva que corporifica a hipocrisia e a empulhação de um governo obcecado apenas no poder pelo poder. 

A fim de garanti-lo a qualquer preço, loteia-se o país em capitanias hereditárias e as distribui aos próceres detentores de uma coisa preciosa e mágica, que o maioral da banda busca com sofreguidão: o voto.


Você sabe para que serve o Ministério do Trabalho aqui no Brasil? Com certeza não é para criar políticas de incremento ao emprego;

O da Saúde? Dengue, tuberculose e caos no atendimento público nos dão a resposta;

O do Meio Ambiente? Quem sabe para impulsionar os lucros dos fabricantes de motosserras e, nas horas vagas, contemplar placidamente incêndios florestais ao mesmo tempo em que exercita a verborragia falaciosa da defesa intransigente da integridade territorial da Amazônia? 


O da Reforma Agrária? Serve, talvez, para fomentar desavenças públicas de Jungman com Rainha e, justiça se lhe faça, serve também para criar fontes alternativas de emprego: as das milícias paramilitares defensoras dos latifúndios improdutivos.


No da Agricultura, não formulem a pergunta a um pequeno agricultor se imprecações fazem mal aos seus ouvidos. 

No dos Transportes, não critiquem perto de um mecânico de suspensões de automóveis; ele pode não gostar que ameacem sua fonte de renda;

No da Educação, por uma questão de segurança da sua integridade física, não teça elogios perto de um professor da rede pública; 

No da Justiça..., quantos anos de cadeia pegaram os abastados incendiários do índio Galdino? Sérgio Naya, anões do orçamento, quadrilha dos precatórios, assassinos dos sem terra..., alguém está vendo o sol nascer quadrado?

E o da Economia? Este, sim, é bom. Para os banqueiros, para os especuladores, para os empreiteiros. 

No momento, inclusive, queimam pestanas e neurônios para elaborar um plano subliminar a fim de engordar ainda mais as já polpudas contas correntes dos grandes usineiros (talvez como prêmio por terem quebrado o estado de Alagoas e envergado o Banco do Brasil), reativando o famigerado Proalcool. 

E é o povo, como sempre, quem pagará a conta.

Pensando nisso, relembrei uma famosa frase que teria dito a ex-ministra Zélia nos trevosos idos de 1990: “O povo é apenas um detalhe”. 

Que os elege, - acrescento eu.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em outubro/1999