Aquele 28/10/04 parecia um dia rotineiro na vida do caminhoneiro Carlos Augusto Barbosa, empregado da firma calçadense Alair Café.
Ele saiu de manhã com uma carga de 210 sacas de café destinadas a Vila Velha/ES, mas um fato que nunca tinha lhe ocorrido em vários anos de trabalho mudou sua rotina, e possivelmente livrou-o de um assalto.
Ele esqueceu de abastecer o caminhão em São José do Calçado, algo que nunca ocorreu, e ao ter de fazê-lo em
Apiacá olhou superficialmente embaixo do caminhão.
Qual não foi sua surpresa ao deparar-se com um estranho dispositivo. Pensando a princípio tratar-se de uma bomba, o caminhoneiro requisitou a Polícia Militar de Bom Jesus do Norte (3ª Cia.).
Esta, por sua vez, acionou a perícia de Cachoeiro de Itapemirim, que esclareceu tratar-se de uma engenhoca inteligentemente disposta embaixo do caminhão, constituída por uma bateria de moto acoplada ao chassis por um ímã e uma espécie de furadeira.
O estranho mecanismo seria provavelmente acionado por controle remoto em algum ponto do trajeto, e ao furar o cano de combustível causaria entrada de ar e a consequente parada do motor.
O motorista reiterou que nunca esqueceu de abastecer o caminhão, acrescentando que costuma realizar o percurso até Vila Velha, direto, sem parar.
Especula-se que a engenhoca tenha sido colocada no dia anterior, à noite, em Calçado, com o caminhão já carregado para partir de manhã.
No entender de um PM, a estranha maneira de tentar roubar a carga partiu de profissionais, provavelmente ligados ao crime organizado de roubo de cargas.
Um veículo "com defeito", de rápida solução para quem conhece de antemão a causa, seria uma maneira adequada de praticar o roubo sem despertar suspeitas e minorando os riscos de uma investida convencional.
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em novembro/2004