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2 de mar. de 2013

Holocausto

No livro "O Presidente no Jardim" do jornalista Joel Silveira, chamou-me a atenção esta pérola:

- As guerras estão acabando, as ideologias que tanto inquietaram nosso século já perderam o sentido, aos poucos as armas nucleares vão virando sucata. O que é bom, o que é ótimo. Mas me indago: sem guerras e suas matanças, do que vai viver a besta humana? Que outra maneira encontrará para libertar seus instintos predatórios? Que será de sua existência sem ferro, fogo e sangue?".



Lamento decepcionar o nobre jornalista, dizendo-lhe que a besta humana é sagaz e tem um arsenal variado e eficiente que a possibilite satisfazer seus instintos animalescos e predatórios.


Para que armas nucleares, se podem contar com coisas mais simples e baratas e igualmente mortíferas? Rememoremos alguns fatos tupiniquins e as receitas de como fazer:


Amontoe milhares de presos num local onde só pode caber algumas dezenas; juntem-se policiais despreparados e mal remunerados e acontece o que se viu na penitenciária do Carandiru e outras mais, com seus massacres, rebeliões, tristezas.





Uma simples relaxada no rigor com que deve ser tratada a água que se utiliza nas transfusões de sangue dos que fazem hemodiálise (doentes renais), e vapt, encontram a morte rápida no momento em que mais se demoram para evitá-la.



Negligencie a higiene na mais importante maternidade de Boa Vista-RR. Verá como 35 recém-nascidos serão sacrificados e não terão o direito divino de conhecer este mundo, (apesar de cruel). 

Mataram-nos pela sujeira, maneira econômica de eliminação.

Não dê ouvidos a quem aponte falhas (quase sempre por razões econômicas) em estruturas e edificações, muito menos quando disserem sentir forte cheiro de gás. 

Assim, shopping's irão pelos ares, prédios desabarão e inocentes perecerão.

Pense somente no dinheiro que se pode ganhar em cima dos  velhos enfermos. 


Desconsidere suas mais elementares necessidades, alimente-os de forma incorreta e deficiente, dê-lhes água podre para beber, Jamais lhes forneçam remédios adequados. 

A Clinica Santa Genoveva sabe como despachá-los, assim, mais cedo ao encontro do Pai eterno.

Aceitem pressões no sentido de não agilizar o projeto de reforma agrária no pais. Feito isto, você terá dado a senha para os grandes latifundiários de terras improdutivas a contratar jagunços para defendê-las. 


Eventuais invasores, quando chegarem esquálidos pela fome e pela miséria, confrontar-se-ão com os jagunços bem nutridos c bem armados, além de bem remunerados, e o massacre será total, como em Eldorado dos Carajás, por exemplo.

Não fiscalize de forma severa a manutenção das aeronaves, nem tampouco a carga horária de trabalho dos aeroviários. É tiro e queda, na melhor acepção da palavra, sem querer fazer trocadilhos. 


Mantenha, ainda, aeroportos bem perto de zonas densamente povoadas: o estrago será maior.

Desrespeite os direitos universais das crianças da sua pátria. Negue-lhes saúde, alimentação, educação e moradia. Depois, instale-se confortavelmente no sofá de sua casa e, de olho na telinha, aprecie massacres como o da Candelária.


Aí está, Joel, alguns exemplos domésticos de como a criatividade dos predadores é ilimitada. 


Poderia citar exemplos em nível externo, sobre terroristas que soltam bombas em prédios escolares, matando e ferindo inocentes na mais tenra idade; sobre os que liberam gás letal em metrôs; sobre os que explodem aviões.

Poderia falar das guerras civis que infernizam nossos semelhantes pelo mundo afora, das crianças etíopes a pele e osso catando alguns grãos de arroz caídos na lama a fim de calar sua maldita fome...


Chega!

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em novembro/1996