Foi a um especialista e descobriu a causa do seu problema: claustrofobia.
Além de tranquilizantes para relaxar, o médico prescreveu-lhe uma terapia curiosa, que consistia em trancar-se diariamente dentro de um armário por umas duas horas, a fim familiarizar-se com os ambientes que motivavam os seus medos.
- Mas doutor, disse ele, - moro numa pequena quitinete, e por isso não possuo um móvel suficientemente grande que me caiba dentro!
- E não poderia utilizar-se do de algum parente?, retrucou o médico.
- Não tenho nenhum por aqui. Porém..., ficou matutando alguns segundos e... heureca!
- Já sei!, disse com uma expressão de contentamento. - Tenho um amigo, lutador de MMC, que possui um enorme guarda-roupas em seu quarto...
- Taí, combine com ele, aconselhou o médico.
- O problema é que ele está viajando em férias...
- Espere-o retornar.
- Não. Quero me livrar o quanto antes desse problema que muito tem me afligido. Entre inúmeros embaraços, diariamente subo e desço uns 500 lances de escada para chegar na empresa, que fica no 25° andar de um edifício no centro da cidade. Tem vezes que até desisto de descer para o almoço...
- Espere-o retornar.
- Não. Quero me livrar o quanto antes desse problema que muito tem me afligido. Entre inúmeros embaraços, diariamente subo e desço uns 500 lances de escada para chegar na empresa, que fica no 25° andar de um edifício no centro da cidade. Tem vezes que até desisto de descer para o almoço...
- Realmente, um problema e tanto..., observou o doutor.
- Já não aguento mais a gozação dos colegas que me apelidaram de o pagador de promessas, outros sugerindo que eu troque minha profissão para ascensorista ou limpador de cacimbas.
- Situação deveras constrangedora...
- Constrangedora? Calamitosa, isso sim. Por isso quero me livrar rapidamente desse problema e vou começar hoje mesmo com a terapia.
- Mas o seu amigo não esta viajando? Como irá utilizar-se do guarda-roupas dele?
- Humm..., hummm..., sua casa tem uma janela com um defeito na fechadura que permite abri-la por fora. Só eu sei deste segredo, afinal somos muito ligados. Então, quando ele e a esposa retornarem, esclarecerei tudo, expôs ao médico. E assegurou de si para si:
- Situação deveras constrangedora...
- Constrangedora? Calamitosa, isso sim. Por isso quero me livrar rapidamente desse problema e vou começar hoje mesmo com a terapia.
- Mas o seu amigo não esta viajando? Como irá utilizar-se do guarda-roupas dele?
- Humm..., hummm..., sua casa tem uma janela com um defeito na fechadura que permite abri-la por fora. Só eu sei deste segredo, afinal somos muito ligados. Então, quando ele e a esposa retornarem, esclarecerei tudo, expôs ao médico. E assegurou de si para si:
- Tenho certeza de que não haverá problemas.
- Então, boa-sorte. E não se esqueça: pelo menos duas horas trancado diariamente, no mínimo uns dois meses, ok?, recomendou o facultativo.
Dito e feito, Palhares abriu cuidadosa e discretamente a janela e penetrou na residência, indo direto ao quarto de dormir do amigo. Abriu a porta do guarda-roupas e trancou-se lá.
Estava há uns dez minutos, suando por todos os poros, quando ouviu passos. Pela fresta, verificou que era a esposa do amigo.
- Então, boa-sorte. E não se esqueça: pelo menos duas horas trancado diariamente, no mínimo uns dois meses, ok?, recomendou o facultativo.
Dito e feito, Palhares abriu cuidadosa e discretamente a janela e penetrou na residência, indo direto ao quarto de dormir do amigo. Abriu a porta do guarda-roupas e trancou-se lá.
Estava há uns dez minutos, suando por todos os poros, quando ouviu passos. Pela fresta, verificou que era a esposa do amigo.
- Mas que diabos, pensou. - Será que brigaram de novo e ela não foi com ele? Ou foi e voltou antes? Ou...
O suor agora já descia em bicas, coração acelerado, situação dramática porque o plano não era de jeito nenhum ser surpreendido dentro da casa.
Por mais forte que fosse a afinidade, por mais sólida a amizade, era uma situação exótica que exigiria todo um ritual preparatório antes de ir direto ao ´tranquei-me no seu armário´.
Mas a circunstância daquela mulher ter retornado antes do tempo mudou tudo.
O que fazer? O que dizer? Ainda se fosse o próprio amigo... Mas a mulher dele? Nem tanta intimidade tinha Palhares com ela, afinal, ele crescera com o amigo, compartilhava alegrias e tristezas era com ele.
O que fazer? O que dizer? Ainda se fosse o próprio amigo... Mas a mulher dele? Nem tanta intimidade tinha Palhares com ela, afinal, ele crescera com o amigo, compartilhava alegrias e tristezas era com ele.
Ela, Palhares só veio a conhecer cerca de uns seis meses antes de se casarem, também uns seis meses atrás.
Ele então decidiu continuar escondido, até porque o compartimento em que estava tinha toda a pinta de ser usado pelo amigo, muitas roupas masculinas nos cabides, com menor probabilidade dela abrir aquele nicho específico.
A idéia era esperar que ela fosse dormir, já era tarde da noite.
- Quando ela estiver nos braços de Morfeu, saio pé ante pé, matutava Palhares.
E ficou ali, procurando respirar mui suavemente, sem produzir nenhum ruído.
Ficou neste suplício, as roupas já completamente encharcadas, espiando por uma pequenina fresta o que acontecia.
Ficou neste suplício, as roupas já completamente encharcadas, espiando por uma pequenina fresta o que acontecia.
Umas duas horas se passaram quando o minúsculo espaço visual proporcionado pela fresta mostrou a Palhares que a mulher se trocava, e até a imagem de nádegas bronzeadas, bem torneadas, seu cérebro registrou.
Quando a luz se apagou e ouviu um ranger da cama, calculou que se aproximava a hora de sair. Estava nesta expectativa quando sentiu um calafrio e um pavor indescritível: ouviu o barulho da porta principal da casa se abrindo, e passos que vinham em direção ao quarto.
Quando a luz acendeu ele viu, apavorado, que era o amigo. - Que merda, o que aconteceu com esses dois filhos de uma...
Após ouvir juras de amor, pedidos de desculpas mútuas (haviam brigado. Ela retornou na mesma hora; ele pretendia ficar para dar-lhe uma lição, deixá-la grilada por supostamente não dar a mínima, mas não resistiu e pegou o primeiro avião de volta) e presenciar uma tórrida sessão de sexo explícito, Palhares quase enfartou quando o corpanzil do amigo lutador dirigiu-se para o compartimento em que estava.
- Você!!! O que faz aqui???!!! perguntou o amigo, estupefato, olhos esbugalhados de indignação.
Após ouvir juras de amor, pedidos de desculpas mútuas (haviam brigado. Ela retornou na mesma hora; ele pretendia ficar para dar-lhe uma lição, deixá-la grilada por supostamente não dar a mínima, mas não resistiu e pegou o primeiro avião de volta) e presenciar uma tórrida sessão de sexo explícito, Palhares quase enfartou quando o corpanzil do amigo lutador dirigiu-se para o compartimento em que estava.
- Você!!! O que faz aqui???!!! perguntou o amigo, estupefato, olhos esbugalhados de indignação.
Só restou a um Palhares ´destamaniquinho´, amarelo como gema de ovo, tremendo que nem vara verde, no estupor do assombro com uma vozinha sumida e vacilante, balbuciar:
- Olha..., eu po... po... posso explicar...
- EXPLICAR O QUÊ? FALE MISERÁVEL, ANTES QUE EU TE CALE PARA SEMPRE.
- Bem..., se eu di... di... disser que estou aqui... a fim de... de... curar minha claus..., claus... trofobia, vo... vo... você acredita?
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em setembro/1997
- Bem..., se eu di... di... disser que estou aqui... a fim de... de... curar minha claus..., claus... trofobia, vo... vo... você acredita?
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em setembro/1997